terça-feira, 6 de janeiro de 2009

nave-terra



Já faz algum tempo, e ainda assim é impossível esquecer a primeira vez em que dentro da Spaceship Earth, em Epcot Center, depois de ir sobrevoando a história da comunicação através dos tempos, o carrinho-nave girou sobre seu eixo e projetou-me “no espaço sideral”. Lá estive, por alguns minutos, eu e as estrelas. Poucas vezes vivi esta experiência sensória da minha existência. Tudo e nada, em busca de ser alguma coisa.

Ali, no “Mundo do Futuro”, habitando a alma do globo terrestre, com a tecnologia ao mesmo tempo diante dos olhos e sob os pés, o virtual me convocou a me ver, enquanto atravessava os capítulos da tentativa de fazer parte da ação comum – o mistério e o prosaico; o eu e o pertencimento.

Ultimamente, venho me sentindo assim. Aqui, desta cadeira, diante da tela, viajo. Nesse simulacro da vida, o portal do mundo se escancara sem muita cerimônia, dando-me passagem aos lugares mais distantes que se abrem em janelas, na velocidade de um piscar de olhos.

O que de verdade, o que de parte, o que de puro fingimento. O que de disfarce, o que de ilusão, o que de defesa... não tenho a menor idéia. Mas onde as temos? É claro que faltam as texturas, os cheiros, os paladares... Mas abro e fecho as janelas como se dominasse o mundo pelo meu controle remoto. Aperto um botão para Aceitar ou recusar o que for. Simples assim.

Agora dei para passear por blogs. Se o poeta é um fingidor, o que dizer de uma Poetriz? Naquele pequeno sítio, povoado de confetes, mas sem serpentina, ela arruma a mesa para Clarice, Pessoa, Caio Fernando, Drummond, Vinícius sentarem-se entre outros e, imaginem, ouvirem nossos mais prosaicos comentários. Se é virtual, é melhor que realidade.

Vou um pouco além, E leitores encarnam fábulas. Um webdoor de letras e convocações a passear por elas. Este ano, acreditem, o Lector in Fabula traz um desafio: 50 livros! Sem apelações para tecnicismos e outras doutrinas. Só vale fantasia, nem que sejam emprestadas da vida real.

A estrada é longa e cheia de bifurcações. Na hora das novidades é possível escolher entre o futuro que sempre se anuncia em Favoritos ou as dicas das mil mariazinhas que existem em cada uma de nós. Ela fala e sai andando. Quem quiser que a acompanhe... Não é mesmo a toa que mulheres vão ao banheiro sempre em companhia.

De qualquer maneira, só não é permitido perder o bonde. Quem é vivo sempre aparece para um dedo de prosa e ao final, uma indicação do destino. Entre no bonde sem medo de errar. É para isso que existem atalhos e retornos.

No final das contas, se Web é rede, haverá sempre os que tecem como constroem pontes e os que ficam paralisados, como presas de uma teia. Mas não é sempre assim? Depois da Farinhada, cada um não dá a sua farinha o destino que lhe apetece?

beijo
Guilhermina

3 comentários:

Nelida Capela disse...

Adorei, Rainha!

Nelida Capela disse...

Rainha Guilhermina: com essa correria, esqueci de dizer: como você escreve bem! é precisa, dá o ponto certo, com fôlego ou deixando-nos sem ar, dá corda ao imaginário, puxa-nos para a terra.estou adorando ler seus textos na Esquina do Desacato.Fico sempre à espreita, aguardando o próximo post.

Anônimo disse...

Valeu, querida!

Um beijo!