sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

depois do natal

Sexta-feira. Dia 26, reta final de 2008. Fechamos a festa natalina e nos encaminhamos para a festa da virada. Já sei. Já sei. Já escuto a turma do “que virada? É tudo um dia depois do outro... Não muda nada etc. e tal”.


É verdade, minha gente, desse jeito não muda nada mesmo. Levem em frente a crise, alienem-se mais um pouco para ajudar a passar o tempo. Arrastem a corrente e depois reclamem igualzinho. Mantenham-se firmes na certeza de que nada tem jeito, porque claro, a culpa de tudo é de qualquer um que não seja você mesmo. A política, a corrupção, o sistema, a globalização, a mídia, a televisão... qualquer coisa e tudo junto. Sem cara, sem alma, sem corpo, são sempre os gigantes anônimos os culpados da sua triste tragédia pessoal. Não é isso? Aliás os inimigos não tem sequer endereço aonde ir reclamar, e portanto, não tem nem como você insurgir-se, certo? O jeito é definitivamente “sifu”, como, aliás, recomenda até o presidente.


A propósito, só pra uma conferida rápida: vocês leram hoje no jornal O Globo, caderno opinião, página 7, um pequeno texto assinado por Julita Lemgruber — O nome do jogo de Obama?


Pois é, descreve a continuação da mobilização nacional americana em torno da proposta de mudança de Obama; e do uso da internet na organização, difusão e manutenção desta proposta.


Em resumo, o que Julita nos conta de lá é sobre uma disposição para o trabalho e para o crédito. E é preciso sublinharmos a distinção entre crédito e esperança. Se o crédito nasce da possibilidade de acreditar numa possibilidade e via de regra, para isso há exigência de condições; a esperança nasce da passividade de quem espera. Uma espera do que for, até de um milagre, pois é o outro que vai fazer...


Podemos falar muita coisa do povo americano, mas não que chegaram ao topo do mundo esperando... Voltemos ao texto da Julita: “no final de semana de 13 e 14 de dezembro, centenas de encontros organizados pela internet, com a participação de milhares de pessoas aconteceram. O entusiasmo das discussões e a crença de que ‘juntos podemos mudar’ dominou as reuniões... Todos apostando na possibilidade de contribuir com a administração de Obama, mas sobretudo, querendo aproveitar o momento para construir um novo estilo de participação cidadã.”


No dia 1º de janeiro, toma posse o nosso novo prefeito, Eduardo Paes. Aquele eleito por nós, com a ajuda de um golpe de mestre do nosso governador, que sabendo o povo que representa, decretou um feriadão no segundo turno. Correspondendo à expectativa do nosso líder estadual, comemos o queijo da ratoeira enquanto aproveitávamos o sol nos lagos da região. Foi pouco mais de 50%. O que importa agora? Trocamos quatro dias de sol por quatro anos de Paes. Fez-se a vontade do povo. E do governo.


Vamos ter que encarar. Façamos parte da metade vencedora ou da metade perdedora nas urnas, vamos ter que encarar. A questão, portanto, é como. Mais uma vez a poesia nos serve de conselheira e suplica “parem de falar mal da rotina”. Sugiro então uma Ode ao Rio.


Se assim não o fizermos, pode até ser que o Paes seja mais um culpado, mas a insatisfação e a infelicidade continuarão sendo nossas. Fim de 200. Que o infinito esteja logo adiante.


Beijo,

Guilhermina

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