Queridas amigas e amigos desta esquina,
Junto-me, ainda que tardiamente, às indignações de Nine e Guilhermina nas postagens recentes sobre o suposto tratamento para reversão da homossexualidade. Nada sou capaz de acrescentar ao que vocês escreveram sobre tamanha barbaridade. Céus! Como as questões relativas à sexualidade ainda causam incômodo entre as gentes modernas! Neste sentido, gostaria de partir célere para a abordagem de algo neste campo - sob perspectiva diametralmente oposta aos dos caçadores de escuridão, por favor! - que há muito me intriga.
Tenho para mim (oh, se perde na noite dos tempos o desejo de começar um período com "tenho para mim" - uma tese. Polêmica. Assaz polêmica, reconheço. Tanto que não sou tolo o suficiente a ponto de arvorar-me a defendê-la em praças públicas indistintamente, pois que não tenho vocação a pária. E apavoram-me ambientes hostis. Mas aqui, neste fórum privilegiado, e sob a proteção de damas tão acolhedoras, encorajo-me. E sou todo ouvidos para as vozes discordantes.
Pessoal querido, não sei não, mas tenho para mim que homem gosta de homem e mulher gosta de mulher. E isso nada tem a ver com opção sexual. De há muito observo as gentes, até por força do signo: o verbo do sagitariano é (eu) olho. Ao longo da vida, conto nos dedos as vezes em que vi um casal, dito heterossexual, que de verdade apreciasse a companhia um do outro, com alegria, entusiasmo, curiosidade pelos movimentos interiores do (a) parceiro (a). Por ventura, garotas queridas do blog, já registraram uma mesa com dois rapazes calados? E com duas meninas? Falam, falam, pelos cotovelos, riem, divertem-se, cúmplices. Há euforia verdadeira entre os de mesmo sexo. E quantas duplas formadas por um X e um Y vocês já testemunharam em um restaurante que lhes fizeram uma múmia parecer muito mais animada? Aposto que milhares. É um tal assunto, uma tal vivacidade entre homem e homem e entre mulher e mulher! Por Freud! Como se sentem à vontade ao lado de seu/sua igual! Quero crer ("quero crer" é outra expressão a povoar meus sonhos desde menino) - que, à parte a hora das "saliências", como diz Ancelmo, parece que vibram mesmo é com a proximidade de seus pares.
Oh, que assertiva mais doidivana, não? Desconfio que mesmo eu, que sou espada (há controvérsias), estou a precisar de um homem pra chamar de meu. Nem que esse homem seja a Marina Lima. E agora vou, porque, além de aprender inglês, preciso ouvir aquela canção do Roberto, este grande cronista musical de uma época. Enquanto o denso Buarque estava às voltas com a banda que passava, a janela de Janaína, a ladra de sorrisos e assuntos Rita e o samba que saía procurando você na noite dos mascarados, o rapazinho de olhos fundos de Cachoeiro de Itapemerim cometia incorreções terríveis. Amava loucamente a patroa do próprio amigo, queria que tudo fosse pro inferno, atribuía à estupidez da pretendida não conseguir enxergar-lhe o amor e ainda avisava ao bicho da vez que, para ficar com ele, teria que mudar e aprender a ser gente. Da mesma forma, o cabeludo apolítico disse ao Brasil, em plena ditadura, desejar que os pés do filho cantor de D. Canô, então exilado em Londres, voltassem a pisar a areia branca da Bahia. Um corajoso precursor da anistia! Enquanto Chiquinho, em mais uma de suas interpretações da alma feminina, advinhava que a mulher, sim, ia gostar que ele chegasse em casa com um bando de amigos sedentos e famintos para conversar (e que ela ia adorar esquentar a barriga no fogão tacando paio na feijoada e saltando cerveja e caipirinha para um batalhão), Robertinho matava até trabalho para ficar na cama com a amada, com direito a jantar e café da manhã! Se o politicamente correto Chico devotava-se à linha de montagem do ABC, o caretíssimo rebento de Lady Laura atormentava-se, autoindagando-se, socialmente inadequadíssimo: "será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda"? Sem contar que o Rei fez Nossa Senhora, uma canção que...
Rainha, não resta dúvida: este teu amigo mamão é papaia! este Clark é Gable! este caminhão é patinete! Acho que, como Hebe Camargo, tenho tesão em Roberto. É que quando eu estou aqui, vivo esse momento lindo. E, a exemplo de teu companheiro de realeza, quero ter um milhão de amigos. Com essa gente linda de tua esquina, tenho tudo para alcançar a ambiciosa meta.
Do teu,
Albuquerque Carlos.
Junto-me, ainda que tardiamente, às indignações de Nine e Guilhermina nas postagens recentes sobre o suposto tratamento para reversão da homossexualidade. Nada sou capaz de acrescentar ao que vocês escreveram sobre tamanha barbaridade. Céus! Como as questões relativas à sexualidade ainda causam incômodo entre as gentes modernas! Neste sentido, gostaria de partir célere para a abordagem de algo neste campo - sob perspectiva diametralmente oposta aos dos caçadores de escuridão, por favor! - que há muito me intriga.
Tenho para mim (oh, se perde na noite dos tempos o desejo de começar um período com "tenho para mim" - uma tese. Polêmica. Assaz polêmica, reconheço. Tanto que não sou tolo o suficiente a ponto de arvorar-me a defendê-la em praças públicas indistintamente, pois que não tenho vocação a pária. E apavoram-me ambientes hostis. Mas aqui, neste fórum privilegiado, e sob a proteção de damas tão acolhedoras, encorajo-me. E sou todo ouvidos para as vozes discordantes.
Pessoal querido, não sei não, mas tenho para mim que homem gosta de homem e mulher gosta de mulher. E isso nada tem a ver com opção sexual. De há muito observo as gentes, até por força do signo: o verbo do sagitariano é (eu) olho. Ao longo da vida, conto nos dedos as vezes em que vi um casal, dito heterossexual, que de verdade apreciasse a companhia um do outro, com alegria, entusiasmo, curiosidade pelos movimentos interiores do (a) parceiro (a). Por ventura, garotas queridas do blog, já registraram uma mesa com dois rapazes calados? E com duas meninas? Falam, falam, pelos cotovelos, riem, divertem-se, cúmplices. Há euforia verdadeira entre os de mesmo sexo. E quantas duplas formadas por um X e um Y vocês já testemunharam em um restaurante que lhes fizeram uma múmia parecer muito mais animada? Aposto que milhares. É um tal assunto, uma tal vivacidade entre homem e homem e entre mulher e mulher! Por Freud! Como se sentem à vontade ao lado de seu/sua igual! Quero crer ("quero crer" é outra expressão a povoar meus sonhos desde menino) - que, à parte a hora das "saliências", como diz Ancelmo, parece que vibram mesmo é com a proximidade de seus pares.
Oh, que assertiva mais doidivana, não? Desconfio que mesmo eu, que sou espada (há controvérsias), estou a precisar de um homem pra chamar de meu. Nem que esse homem seja a Marina Lima. E agora vou, porque, além de aprender inglês, preciso ouvir aquela canção do Roberto, este grande cronista musical de uma época. Enquanto o denso Buarque estava às voltas com a banda que passava, a janela de Janaína, a ladra de sorrisos e assuntos Rita e o samba que saía procurando você na noite dos mascarados, o rapazinho de olhos fundos de Cachoeiro de Itapemerim cometia incorreções terríveis. Amava loucamente a patroa do próprio amigo, queria que tudo fosse pro inferno, atribuía à estupidez da pretendida não conseguir enxergar-lhe o amor e ainda avisava ao bicho da vez que, para ficar com ele, teria que mudar e aprender a ser gente. Da mesma forma, o cabeludo apolítico disse ao Brasil, em plena ditadura, desejar que os pés do filho cantor de D. Canô, então exilado em Londres, voltassem a pisar a areia branca da Bahia. Um corajoso precursor da anistia! Enquanto Chiquinho, em mais uma de suas interpretações da alma feminina, advinhava que a mulher, sim, ia gostar que ele chegasse em casa com um bando de amigos sedentos e famintos para conversar (e que ela ia adorar esquentar a barriga no fogão tacando paio na feijoada e saltando cerveja e caipirinha para um batalhão), Robertinho matava até trabalho para ficar na cama com a amada, com direito a jantar e café da manhã! Se o politicamente correto Chico devotava-se à linha de montagem do ABC, o caretíssimo rebento de Lady Laura atormentava-se, autoindagando-se, socialmente inadequadíssimo: "será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda"? Sem contar que o Rei fez Nossa Senhora, uma canção que...
Rainha, não resta dúvida: este teu amigo mamão é papaia! este Clark é Gable! este caminhão é patinete! Acho que, como Hebe Camargo, tenho tesão em Roberto. É que quando eu estou aqui, vivo esse momento lindo. E, a exemplo de teu companheiro de realeza, quero ter um milhão de amigos. Com essa gente linda de tua esquina, tenho tudo para alcançar a ambiciosa meta.
Do teu,
Albuquerque Carlos.
11 comentários:
AH querido Visconde como as suas palavras me alegram a sexta feira santa !Tambem estou eu a pensar ,desde que Almodovar ,pela boca de sua atriz fetiche disse que todas as mulheres sao meio lésbicas, como aprecio a cia feminina.Nos dizemos que nos amamos ,nos abraçamos e nos beijamos facilmente sem que sobrevenha nenhuma pecha.Va la um XY fazer isso para ver como vai ser olhado diferente na turma dele.A unica coisa é que infelizmente ainda aprecio XY e muito.Por isso tb quero ter um milhao de amigas e algum boytoy!rs...bjs santos e pecadores para todos da esquina
Nossa! Vibrando, aqui, com tal texto. Que ritmo, que facilidade de auto-tradução, que ideias!
Guilhermina me trouxe até aqui, e quero ler mais, muito mais. Mas não poderia deixar de registrar a minha euforia após ler, de uma tacada (ops, é leitura ou sinuca?), esta delícia.
Abraços
Salve,Salve meu Brasil!
Que texto!
Sr. Visconde quero alinhar-me aos q/ o reponsabilizam pela coletiva fantasia de voltarmos a monarquia.Após ler o seu texto ajoelho-me aos pes de sua magestade Rainha Guilhermina e humildemente reconheço que esta corte está mais p/ corte que para ajuntamento.
valeu p/ alimentar um dia q/ insistem em chamar de santo.
Saudações cerimoniosas
PIN
Santa sexta-feira com um texto desses!
Joinha, joinha!!
Nine, como agradecer-lhe as palavras afetuosas de sempre? Se me permite uma observação, não há nada de infeliz em você seguir apreciando XY. Mas por quê boytoy, querida? Você não é mulher disso...Exija sempre um rapaz - ou rapazes - bacana (s). Gentlemen, companheiros, amantes, amigos. Eles estão sobre a terra. Pelo que leio aqui, vejo que o momento é difícil e, em momentos assim, é natural que a paisagem fique turva, e que nuvens espessas atrapalhem a visão da claridade. Mas ela, a claridade, sempre se impõe.
Cecília, Anônimo e Fabiano (oh, os varões...que vengan, que vengan!), da mesma forma sinto-me gratíssimo pela leitura.
Rainha amada, te beijo.
Rita, faltam-me palavras a este verborrágico de sempre para aquele universo de sabores.
Que o domingo de Páscoa vos tenha sido leve. E profundo.
Visconde.
AH querido Visconde ,o boytoy foi so brincadeira de Pascoa em cima do seu gostoso texto, para dar um frisson nas santidades!Nao sou mesmo disso nao,nada contra quem é ,apenas a minha personalidade lirica nao permite.Qto a exigencia do companheiro gentleman ainda nao o encontrei,mas nao desisti!O tsunami que aconteceu na minha vida nao passou ainda,mas nao me fez arrefecer nao.Ainda ha de clarear!(momento Scarlet O'hara...sabe ,aquele perto da cerca)bjs a todos da esquina,especialmente a voce Caro Visconde e a nossa Rainha.
Meninos, meninas... Me atrasei em comentar! rs
Hoje é segunda-feira de uma semana comum. Nada de dias santos, comidas proibidas... É, um bom dia para ler esse texto.
Aliás Visconde, querido meu, que beleza de texto, hein? Realmente, uma delícia!
Numa panorâmica, concordo com você. Se for esmiuçar, discordo um pouco. Ora ora! Homem que se senta à mesa comigo tem uma companhia mais do que interessada: curiosa! E mulher? Também..rs..
Mas enfim, deixemos essas discordâncias de lado. Afinal, a meta aqui é fazer um milhão de amigos, não é? Então não há tempo de perder com picuinhas dessa ordem! rs
Meu beijo a todos!
Visconde, meus ventos!
Rainha, meus carinhos!
Meu Visconde,
Às vezes lamento que a monarquia não nos permita eleição. Serias tu o meu candidato.
Apenas me permita uma dissonância: Chico, o Buarque, merece nossa indulgência posto que nem todas as mulheres são santas... nem lúcidas.
Bj
Guilhermina
Vicomte
Sois perspicaz,como sempre.
E certeiro quanto aos homens estarem sempre felizes entre homens e sobre a euforia de mulheres entre mulheres,independente de...qualquer coisa.
Mas quanto a este que chamais de rei Roberto(como tantos),não me incluo entre seus súditos.
Basta-me servir aos Albuquerques e Buarques.
bj
Dudinha, minha ambrosia, não percas tempo: corre lá e salta cerveja estupidamente gelada pro batalhão de Francisco. E não esquece a ordem de teu patrão para fritares um montão de torresmo. À noite, nos lençóis macios em que amantes se dão, teu par muito te agradecerá os suaves aromas infundidos em tua cabeleira, a deitar toucinho nas fronhas...Quanto a mim, que sirvo a D. Roberto, não quero nenhum compromisso amanhã de manhã, pois que tomarei um bom café da manhã com meu Rei. E, de onde estivermos, seguirei de cabelinho molhado para o batente. Mas só na parte da tarde.
Deste que tanto te ama e saudades avassaladoras tem de ti.
Buca.
Sabe Vicomte
Muito lamento saber que sois destes que não quer compromisso;já que eu,se se tratasse do senhor,abriria mão das juras que fiz de nunca mais assumi-lo;
Que pena...
Aceite então um beijo.
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