Caríssimo Visconde,
Desta vez não pude reduzir minha presença ao espaço restrito de um comentário. O Visconde, amigo de longa data, sempre obteve larga vantagem em nossos encontros logomaníacos por seus ditos zombeteiros e seu refinamento estético. Mesmo assim, arrisco-me sempre à fruição de sua companhia, recolhendo-me à modéstia e ao comedimento de minhas parcas condições de retórica. Mormente deleito-me no arsenal de suas considerações metalingüísticas...
Supracitada esta exígua reflexão acerca de minha estima pelo nobre, olvido minha sofrível condição diante de tamanha magnificência para regozijar-me deste afeto consignado.
Outrossim, apresso-me em seu socorro, serva e suplicante, na aversão aos maus tratos da língua pátria. Ademais, sinto tamanha ojeriza pelos destinos de nossa comunicação (em verdade, a ausência desta) que receio desatinar.
Conjeturando, aliás, sobre o desatino, não seria alguma seriedade um valioso antídoto para tal malefício? O malogro dos nossos ideais não residiria, inequivocamente, na privação de inteligibilidade da nossa palavra? Ora, o esvaziamento do compromisso com o que se diz só pode resultar em discórdia ou traição. O que pode ser, meu caríssimo amigo, mais nefasto?
Visto não desejar a fadiga de nossos interlocutores, me despeço, mas não sem antes ratificar que o humor exige o requinte do verbo e do pensamento, condição longínqua, para não dizer opositiva, à ausência de seriedade. Isso é coisa dos bobos, e garanto, sem lugar nesta corte.
Um ósculo,
Guilhermina
4 comentários:
Amada rainha Guilhermina
O que dizer depois de tao sabias palavras?...Ja tive minhas desilusoes ortograficas, e as vezes ainda as tenho,intencoes com S ,tres com i ,e seria por demais cansativo expo-las aqui.E certas linguagens ditas "modernas " de msn e orkut?!!valha-me Deus!que o santo Google nos proteja desse mal..amen, bjs a sua majestade e ao caro Visconde.
Rainha, que texto maravilhoso! Quanto cuidado na escolha das palavras e na costura... Eis aí uma erudição, como a do Visconde, que fala.
Parabéns pela crítica. Uno-me a esse coro!
Meus beijos a todos!
Sus-pensa
Rainha amada,
Tu, limitada por parcas condições de retórica?
Só não vou aí pessoalmente te dizer poucas e boas por estar hoje em dia mais sério do que nunca, aguardando o telefonema de um ministro.
Portanto, em posição de sentido e sem tempo para rebater anedotas esdrúxulas.
Saudade tua é mato, mestre da palavra dita e escrita, porque doutora do pensamento.
Beijos do teu leitor e ouvinte apaixonado.
PS: Hoje tem Piñon na Travessa, sabes, né?
Albuquerque
Estou prestes a te designar somente Rainha, querida Guilhermina! Admiro esta linguagem hoje raríssima, e para mim de beleza inigualável, de nossa lingua. Seja na escrita, seja no sentir! Estou sempre a ler estes escritos que são admiráveis da primeira à última letra! Não és a única a regozijar-se. Agradeço por tudo que compartilhas. Seus olhares sõ um alívio, uma respiração aliviada cada vez que corro a esta esquina!
Meu beijo
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