sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

saudade dos cariocas - por Nine

Desde que cheguei na esquina da Guilhermina, levada pela Bailarina do Topografia... que começou a remoer uma coisa dentro de mim... um choro fora de hora (como se choro tivesse hora!). Mas refletindo nele tive uma epifania! Foi como a amizade virtual com a Bailarina, que sinto tão próxima de mim, apesar da tenra idade e agora aqui da esquina também. São saudades da minha cidade, dos cariocas!

No exílio tanto tempo e agora há 1 ano sozinha aqui na terra da garoa, percebo que sinto uma falta imensa da minha gente, dos cariocas! Essa gente que fala com desconhecidos no sinal, na feira, na praia. Capacidade essa que os outros estados, cidades perdem ao ficarem adultos. Crianças, em qualquer lugar do mundo, falam umas com as outras. Já viajei muito, posso assegurar, mas adultos não. Só o carioca, dos povos que conheci, mantém essa competência. Sim, porque é uma habilidade essa de enxergar o ser humano ao seu lado.


Meu filho, carioquíssimo, mora no Rio. Nunca se adaptou a SP e aos quinze voltou correndo para casa do pai. Não entendia os paulistanos e nunca foi entendido por eles. Me disse que nunca no Rio, alguém choraria na rua sozinho, sem que uma pessoa não fosse perguntar se ele estava precisando de algo, se queria que telefonasse para um amigo, um familiar, enfim, um dedo de prosa pelo menos. Também creio ser verdade. Aqui em SP, já chorei em ônibus, na chuva, na rua e as pessoas só me olharam como se eu fosse maluca, desequilibrada e não que estivesse diante deles um ser humano precisando de ajuda, solitário, ou triste, ou tudo isso ao mesmo tempo...


Por isso tudo quando vêm me falar da superviolência do RIO aqui, fico pensando que ai não é só CV, CA... qualquer comando, não. O RIO é muito mais, e me irrita profundamente que eles não vejam que o comportamento deles também é uma forma de violência ao ser humano. A indiferença da cidade aos seus moradores e aí tanto faz se você é carioca, mineiro, baiano ou paulistano. Dá na mesma! Não é bairrismo. Não sou iludida ou ingênua de não ver os defeitos da administração da cidade, da corrupção generalizada que corrói esse país, mas o RIO ainda tem esses bolsões de cordialidade sim. E sinto uma imensa saudade dessa generosidade, dessa conversa fiada, mas que distrai, torna mais leve a vida, principalmente quando ela esta difícil de carregar.


Então fica ressoando nos meus pensamentos aquela poesia dos tempos de escola: "...as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá"... O exílio faz isso conosco: uma idealização que normalmente não corresponde à realidade. Mas que sinto saudades de tomar chá na Colombo com a minha avó ou com a minha mãe, de ir à igreja das almas acender velas com ela, na Senhor dos Passos, de brincar de pique com meus primos no convento em Santa Tereza, da rua Montenegro que não é mais Montenegro, da duna da Gal que nem existe mais, dos surfistas do Arpoador, de ficar olhando de longe o Daniel Friedman (o que será que foi feito dele?...) na facu. Isso tenho!


beijos e amor imenso aos Cariocas,

Nine

10 comentários:

Susanna Lima disse...

Ai Nine, então volta logo pra cá!!!

Estamos te esperando, tá? Primeiro aqui na Esquina, depois no telefonema, no e-mail, no Orkut [né Guilhermina?? rsrs], no cinema, na Lagoa, no Cristo, no Bondinho, nos Calçadões... Na vida!

Beijos!

Anônimo disse...

E Viva o Rio de Janeiro!!!!!

Anônimo disse...

Olá!!!! Adorei a Cronica!!!! Muito boa mesmo, Sejamos todos mais cariocas!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Ótima crônica querida!!!
Saudações para bela cidade maravilhosa!!!

beijinhos

Unknown disse...

Sonia disse...
Bem lembrado Nine !! falam muito de violência mas a meu ver a pior violência é a indiferença de um ser humano por outro. Parabéns
bjs

Anônimo disse...

Nine,

Postei seu texto ontem e ao terminar, foi como se tivéssemos nos abraçado.
Hoje, pela manhã, me lembrei de um post de 29, dezembro 2008, chamado "rio do ano inteiro". Resolvi reeditá-lo, dedicando-o à vc. Receba-o como um carinho, o mesmo que vc nos enviou.
Bj,
Guilhermina

guilhermina, (ataulfo) e convidados disse...

Sônia,

Vc tem toda razão: não há violência maior que a indiferença. Contra ela, não há sequer como se insurgir.
Bj
Guilhermina

Anônimo disse...

OI Guilhermina muito obrigado pela publicaçao e o dedicado a mim tb ,me sinto abraçada por voce e todos que leram ,que postaram comentarios etc...beijos a todos! Nine

Tiago disse...

Belo texto Nine, e que venham muitos deles por aqui na esquina, nas avenidas, nos prédios, enfim.
Que cada lugar possa ser e ter um carioca, ou mais do que isso:
Que cada um tenha um pouco de Nine dentro de si.

Beijos

Anônimo disse...

Passei por aqui, amei o q vi, e sigo...